E continua a ser a Elly, vocês ainda se vão fartar de mim...

Bem esta one-shot é sobre o Ge como já devem ter reparado, e a Sarinha aka Morceguinha aka dona do Blog, pediu-me para dizer que só escreveu sobre o Georg porque a Nessa a persuadiu...

Kiss*

Even in Death

Abro a porta devagar sem fazer um único ruído, entrando no nosso santuário, aquele pedacinho de mundo que partilhávamos e que mais ninguém teve direito a conhecer. Olho em redor e tudo ainda se encontra tal como deixaste, intacto e intocável desde o dia que partiste. No fundo anseio que regresses para mim, com o teu sorriso contagiante, capaz de mudar o mundo e que te aninhes nos meus braços como quando chegava a casa após um dia no estúdio ou de meses em tour.

Tenho saudades do teu cheiro, saudades do teu toque, saudades da tua voz quando chamavas o meu nome, por isso guardo tudo o que era teu para que ao fim do dia possa regressar para ti, para tudo o que deixaste no nosso quarto. Deixaste abraços, beijos, palavras de amor, gemidos, olhares, toques e carinhos e como tal nunca poderia destruir o que resta de ti, o que resta de nós.

Amei-te desde o momento em que os teus olhos azuis penetrantes se cruzaram com os meus verdes expressivos e amei-te ainda mais há medida que o tempo deixou que nos conhecêssemos. Repouso os meus olhos no espelho em que tantas vezes admiravas a tua figura esbelta apenas coberta pela minha t-shirt e pela tua langerie e eu deitado na cama observava o teu reflexo, sorrindo abertamente para ti. Por momentos tenho a sensação de ter ver ainda em frente ao espelho, mas não passas de uma sombra. Chamam-me louco por acreditar que ainda estás viva, mas é ao ver estas sombras que sei que eles não sabem o que dizem. Eles não sabem o quão perto tu estás de mim, o quão presente te encontras na minha vida. Ouço a tua voz no vento, sinto o teu cheiro nas ruas desertas, vejo-te nas sombras, sinto o teu corpo quando a noite cai sobre a cidade. Loucos são eles por não saberem que mesmo na morte um amor como o nosso não pode morrer, loucos são eles por não perceberem que mesmo na morte estaremos sempre juntos.

Caminho em passos lentos, fechando a porta atrás de mim, dirigindo-me ao meu novo quarto. A casa está vazia sem ti, mas o meu coração transborda de ti, carrego comigo todas as memórias, todos os momentos partilhados. Deito-me sobre a cama e sinto o frio que a tua ausência deixou. A tua voz chega até mim numa suave melodia dando-me a certeza que nunca me deixarás verdadeiramente. O teu cheiro envolve-me num abraço apertado que apaga por momentos a saudade que me corrói por dentro. Por momentos, sinto as tuas mãos brincarem com o meu longo cabelo castanho como sempre gostaste de fazer. Mesmo na morte continuas a meu lado inundando a minha vida com a tua presença e todos os meus dias são passados numa tentativa de me tornar um homem melhor do qual tu, a mulher da minha vida, tenhas orgulho. Mesmo na morte caminhamos lado a lado, tu em espírito, eu em corpo, percorrendo os caminhos que no fim me levarão de encontro a ti. Caminhamos juntos ao longo da vida e no fim do caminho tu me darás a mão e me levarás para junto de ti, de onde eu nunca quis sair.