Olá! Daqui fala a Morceguinha. Esta semana sou eu a postar, porque a Elly não pode e desta vez eu estou em casa. Peço desculpa por não andar aqui, mas não consigo ter tempo. Além disso têm de admitir que a Elly faz um excelente trabalho no meu blog, se não fosse ela iso andava às moscas. Mas tenho uma má noticia depois desta restam apenas quatro one-shots e depois o blog entrará em periodo de hibernação, mais tarde explicarei o porquê.
Divirtam-se e obrigada pelos comentários.
Mais uma coisa dêem um espreitadela nas letras das musicas da minha playlist.
Obrigada às novas comentadoras e às mais antigas e sobretudo obrigada Elly.
I can´t take my eyes of you
Uma vez mais de regresso a casa, de regresso às origens, à casa onde cresci, onde vivi os meus anos de infância e adolescência, e apesar de ter já um apartamento, sinto muitas vezes a necessidade de voltar aqui. Está um bonito dia de primavera e a tua voz límpida chega até mim trazida pela brisa que entra pela janela aberta do quarto. Depressa me levanto da cama e baixo o volume da televisão, encostando-me à janela de onde tantas vezes te observei. Passeias alegremente no jardim, tagarelando ao telefone com uma das tuas muitas amigas, porque sei isso, porque só com as tuas amigas tens conversas francas, com os rapazes as conversas são de outro teor, que reservas para a quietude do teu quarto. Desde pequeno que te observo da janela do meu quarto, da qual posso ver todo o teu jardim, a tua piscina, onde passas grande parte do tempo quando chega o verão, e especial ver o teu quarto, uma vez que as nossas janelas estão frente a frente. Conheci-te quando tinhas apenas cinco anos, uma verdadeira bonequinha, mas eu nos meus nove anos não gostei muito da ideia de me tornar teu amigo, mas depois de meia hora contigo aprendi a gostar de ti, acolhi-te como uma irmã mais nova porque afinal tu sempre foste irresistível, em especial quando fazes esse teu olhar que ainda hoje utilizas ara conseguires tudo o que queres.
Crescemos juntos, brincamos juntos, fizemos descobertas, partilhamos segredos, diziam que éramos inseparáveis. Mas o tempo tem tendência a mudar tudo aquilo que nos é familiar, tu cresceste, tornaste-te numa jovem mulher e eu vi a tua transformação. Os meus olhos prenderam-se em ti, naquilo em que tinhas tornado. Tão bonita, tão resplandecente, tão cheia de vida, tão atraente que se tornou para mim impossível continuar a ver-te como uma irmã. No final de contas não foras só tu a crescer. Apaixonei-me por ti, por esse teu jeito de ser, por esse teu atrevimento que começava a surgir, por essa tua auto-confiança, por esse teu sorriso, pela tua gargalhada cristalina e por esse teu olhar, a única coisa que se manteve igual em ti. Ainda demorei a perceber aquilo que sentia, talvez o medo de te perder me travasse, continuei por mais dois anos a teu lado, como teu amigo de infância. Mas uma tarde de verão na tua piscina alterou para sempre aquilo que restava dos momentos de infância, beijaste-me sem vergonha ou reserva, apenas porque te apeteceu, mas quando no final do beijo me abri contigo, fugiste de mim. Mais tarde disseste-me que não me querias magoar nem mentir, porque apesar de te sentires atraída por mim, não sabias se estarias apaixonada, disseste-me que eras ainda muito nova, que querias viver mais e não querias pensar em ficar já presa a alguém. Não posso fingir que não doeu ouvir-te, que não magoou saber que tínhamos deitado tudo a perder, que tinha perdido tudo.
Pouco tempo depois os Tokio Hotel, a banda à qual fazia parte, ganharam a popularidade que há tanto procurávamos e vi-me obrigado a deixar-te para trás. Por algum tempo acreditei que era precisamente de um afastamento que eu precisava para te poder esquecer, mas depressa percebi que não. A cada regresso a casa lá estava eu à tua porta, à espera de uma resposta afirmativa, mas nunca recebi uma sim, apenas um talvez. Os beijos multiplicaram-se entre nós, acho que no fundo continuas sem saber o que queres e arrastas-me contigo nesse teu turbilhão, mexes comigo, confundes-me e iludes-me para no fim me deixares novamente só. És complicada, sempre o foste, és complexa e intrincada, mas ainda assim o que sinto por ti não muda. Não me deixas voar e também não me tornas teu, e é esta a nossa pequena história. E no fim continuo a não conseguir tirar os meus olhos de ti, és como íman, és algo que desejo e não consigo ter. Talvez seja por isso que continuo a regressar a esta casa, à espera que um dia possa ouvir um sim e enquanto tal não acontece observo-te da janela do meu quarto, tu, a filha do vento, livre e indomável. E nestes momentos em que observo a tua figura nas sombras do meu quarto, sei que não poderei tirar-te do meu pensamento até encontrar outro alguém. Serás sempre a menina dos meus olhos, mas sei que não passarás de alguém que observo sem poder tocar, estás fora do meu alcance, e essa será sempre a nossa história.