Ouçam a musica Ruínas de Rodrigo Leão da minha playlist ao lerem esta fic. Peço-vos por tudo ;)
Bjinhos
Ruínas (do nosso amor)
Olho para trás, para um tempo passado e apenas vejo as ruínas do nosso amor. Memórias poeirentas deslizam sorrateiras na minha mente, invadindo-me, apoderando-se de mim, atormentando-me.
Revejo os teus olhos imensamente castanhos que se cruzaram com os meus naquele dia de inicio de primavera, naquele jardim recatado de Hamburgo. Vi-te debaixo de uma cerejeira em flor, com o cabelo solto esvoaçando ao vento, enquanto flores de cerejeira caiam à tua volta, criando um ambiente místico, tão apropriado ao que tu és. Sempre gostaste da flor de cerejeira, sempre gostaste de passear ao fim da tarde naquele mesmo caminho onde um dia te encontrei.
Apaixonei-me por ti sem que tivesse dado conta, fui-te conhecendo à medida que me abrias o teu mundo e sem saber abri-te o meu para que pudesses entrar nele e permanecer. No fim da Primavera pedi-te em namoro sob a mesma árvore onde te vi pela primeira vez. Naqueles últimos meses tínhamos percorrido juntos aquele caminho definido por cerejeiras e eu aprendi a gostar daquelas flores tão frágeis e delicadas, tão iguais a ti.
Quis-te levar comigo na primeira tour que tivera desde que estávamos juntos, mas não aceitaste, não podias deixar a faculdade. Tomei-te garantida depois de seis meses juntos e ao entrar em tour descurei a atenção que te dava. Raramente te ligava e quando ligava ou estava com pressa ou passava o tempo todo a falar de mim, esquecendo-me de te perguntar como estavas, presumi que tudo o que precisavas era ouvir-me dizer que te amava. Aos poucos deixei que te afastasses, porque tu tal como uma cerejeira precisa de muitos cuidados quando chega o Inverno e eu não soube cuidar de ti.
Quando tive duas semanas de pausa na tour fui-te visitar, mas tu parecias diferente. Quando fazíamos amor não era a mesma coisa, não havia o mesmo fogo, a mesma paixão. As discussões por pequenas coisas começaram e eu não sabia lidar com elas, pelo que acabava por sair de casa e ir ter com os amigos. Essas duas semanas ditaram de vez o nosso fim, dei-te todas as razões para duvidares do meu amor por ti, dei-te todas as razões para acreditares que nunca te faria feliz. Um dia antes de voltar à tour levaste-me ao jardim que tantas vezes percorremos juntos e paraste diante de uma árvore despida, a mesma árvore onde tudo tinha começado. Disseste-me que não podíamos continuar assim, que já não fazíamos sentido, pois eu não sabia ouvir, não sabia lidar com as dificuldades, não sabia como manter um relacionamento. Com lágrimas nos olhos disseste-me que te sentias como aquela árvore, alguém sem vida, esquecida por todos quando começara a perder as folhas. E como cobarde que sempre fui, deixei-te ir sem protestar, sem levantar um único dedo para lutar por ti. Amava-te e deixei o nosso amor ruir.
Hoje passados dez anos observo ao longe essa mesma árvore. Está um bonito dia de primavera e ela passeia com o seu marido e a sua bonita filha no mesmo caminho onde um dia passeamos juntos de mão dada. Não voltei a procurar-te, observo-te de longe de cada vez que regresso a casa depois de uma tour e vou mantendo vivos aqueles escassos meses de felicidade. Olho uma última vez para aquela árvore e os seus olhos parecem encontrar novamente os meus, enquanto delicadas flores caem da árvore e esvoaçam ao sabor do vento, mas talvez tenha sido apenas ilusão. Seguiste a tua vida e eu deixei-te ir, enquanto eu fiquei preso ao passado, às memórias de um amor que podia ter sido eterno.
Chamo-me Tom Kaulitz, tenho trinta anos e sou o cobarde que deixou fugir a única mulher que amou, sou aquele que hoje vive apenas das ruínas do nosso amor.